24 outubro 2007

ATÉ QUANDO É POSSÍVEL CONVIVER COM AS DIFERENÇAS ?

Desde cedo em minha vida, eu senti a grave dificuldade de conviver com as diferenças. Meu primeiro grande problema foi explicar para os colegas a razão de não ter pai. Esta foi a primeira grande diferença. Todos possuem um pai e uma mãe. Então isto é regra. Sai-se da regra, começam os problemas. Esta falta de pai marcou forte, por razão da diferença que ela apontava na minha vida.

Mais tarde, já mocinha, eu queria dançar; tinha lá meus 17 anos e só havia um Clube na cidade, onde eu ia acompanhada de umas amigas e como acompanhante eu entrava, mas um dia as amigas arrumaram namorados, queriam fazer outros programas e eu comecei a ficar sozinha.
Pensei então em associar-me ao Clube e assim não precisaria da companhia das meninas. Eu era menor e me pediram o aval de minha mãe que foi ao Clube fazer minha inscrição com muita boa vontade. No entanto, ao ver minha mãe mulata, deixaram para dar a resposta um outro dia. Eu devia esperar. Estaria esperando até hoje, se eu não tivesse entendido que aquele senhor dono do Clube não sabia conviver com as diferenças.

Quando casei foi outro golpe: uma gaúcha, casada com um mineiro e as diferenças voltaram a mostrar a cara. Verdade que dentro de um mesmo país, temos costumes tão diferentes, ao ponto de, o que é cultura para uns, ser ignorância para outros.

Agora estou no mundo e cada dia a dificuldade das diferenças vem atravessar-se no meu caminho. Recentemente uma amiga de 84 anos adoeceu, como não tinha muitas possibilidades financeiras e ficou bem desidratada, ensinei-lhe a preparar uma jarra d'água com uma pitada de sal e uma pitada de açúcar. Ela passou três dias tomando isto e melhorou. Veio lá uma vizinha rica, daquelas que só sabe usar a boca, pois as mãos estão sempre ocupadas em alisar seus loiros cabelos e disse: "esta brasileira deu-lhe para tomar isto? Meu Deus! Será que ainda tem selvagens no Brasil?"

Eu, no fundo, acho que o ser-humano pode ser rico ou pobre, de direita ou de esquerda, de frente ou de adiante: não tem conserto e não é por isto que eu desisto. Não tenho o direito de desistir.

Por Alda Inacio


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21 comentários:

  1. É na diferença que encontramos a essência do nosso ser.

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  2. Acho que todos nós, um dia, tivemos que lidar com a falta de tolerância e com a diferença.
    Eu vivi essa diferença por ter um pai ausente, ao contrário dos pais dos colegas; por ser a única a usar óculos na turma da primária; por ser branquela e não passar o tempo debaixo do sol a esturrar, etc, etc.
    A diferença enriquece o mundo em que vivemos! Quem ainda não o percebeu, nem merece o nosso tempo!
    Logo que possa vou visitar o teu outro blogue.
    Bjs.

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  3. os preconceitos, o racismo, a xenofobia, ainda hoje em pleno seculo XXI existem...

    como diz um ilustre colega meu:Feliz daquele que nunca perde as suas forças!"

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  4. Eu só posso dizer uma coisa Alda: isso fez de você muito forte, acreditando em si mesma e isso vê-se nas suas atitudes de dia a dia...para si tudo é possível e parece que não desanima facilmente...portanto o sofrimento valeu...
    Aqui se diz "tudo vale a pena se a alma não é pequena..."
    O preconceito existe pelas mínimas coisas e impor a nossa ideia é muito difícil mas não temos que desistir ...eu também acho...
    ensinado hoje a uma criança e amanhã a outra...pode ser que elas façam um mundo menos discriminativo. Grande força!
    beijo

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  5. Essa é a estrada: não desistir. E basta que o façamos por nós. Não temos necessariamente que carregar com as dores do mundo.

    Julgo que todos nós convivemos mal com a diferença.

    Quando nos EUA, uma senadora, fez publicar em 1975 a Public Law dedicada à educação das crianças portadoras de deficiência, lançou os fundamentos da escola inclusiva. A Europa tardou 24 anos a assinar a declaração de Salamanca, o seu equivalente da escola inclusiva. Hoje o conceito evoluiu para o de intervenção precoce. Hoje em Portugal o governo “socialista” de Sócrates faz de tudo isto tábua rasa.

    Mas o que tem isto a ver com o teu post? Tudo, uma escola onde numa sala os miúdos convivam com a diferença, com um aluno portador de uma deficiência, ou com algum grau de incapacidade, aprendem a ser tolerantes, a ver no outro um menino, igual a eles nas suas emoções, nas suas relações sociais, nas suas fragilidades, nos seu progressos e conquistas.

    Estes miúdos serão cidadãos de uma sociedade que ultrapassa barreiras. O princípio não é o da piedade pelo miúdo com necessidades educativas especiais, mas de incorporar essa lição de vida para o amadurecimento de todos.

    É no jardim-de-infância que se começa a lidar com as diferenças, porque elas existem e constituem a riqueza da raça humana.

    Obrigado elas tuas palavras lá no meu sítio. Sou alguém que caminha e cresce porque vocês caminham comigo.

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  6. Mais um belo exemplo na 1ª pessoa sem medos, sem panos moles, apenas a verdade. para mim esses casos que nos contas, são de pura xenofobia. Custa-me acreditar como ainda haja esse fenómeno. Mas há...
    Enquanto o ser Humano se julgar maior que o seu próximo, cenas destas se repetirão. Espero apenas que haja uma lei divina e que quando intervir, intervenha com exactidão e que seja implacável. Nunca se deve apontar o dedo a ninguém, pois podemos ter quatro virados para nós. Abraços deste seu amigo pecador.

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  7. Um excelente texto, eu tb não desisto.

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  8. Meus amigos obrigada pela presença e pelas palavras de incentivo que li em todos os blogues. Queria deixar uma pergunta ao Tiago e farei aqui e por email. Ainda não conhecemos uns aos outros bem, e minha preocupação vai em relação ao que tenho lido; Tiago, eu li no Notas Soltas sobre tua posição em oposição à "política" queria ter uma idéia mais completa sobre teu ponto de vista.

    No que toca ao meu ponto de vista: aos políticos devemos ir para exigir o que é de direito.

    No que toca ao projeto S.O.S Miséria, eu apenas sugiro e fiz minha primeira sugestão que é esta: tudo a ser decidido, a ser mudado, a ser implantado deve ser aprovado por um mínimo de 30% dos 44 participantes.

    Formamos um grupo e espero que todos exponham suas sugestões.

    Vou te escrever Tiago.

    Bjim

    Alda

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  9. Obrigada pelo prémio. Fiz um post com ele. Muito obrigada.

    beijinhos

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  10. é na diferença que evoluimos...aceitar o diferente... é acreditar que o mundo é mais do que a nossa janela

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  11. Tal e qual minha amiga!Deixei-te um anel de amizade no meu canto...beijo...

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  12. Olá Alda ,

    Nota-se que és uma mulher com muita força ,e quando assim é não há muro que não se consiga saltar .

    Um grande beijo para ti.

    JOY

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  13. Alda,

    Infelizmente o preconceito existe, mas a força interior é muito mais forte. Gostei da frase "Não tenho o direito de desistir" tem muita emoção.
    PARABÉNS AMIGA por seres como és!

    :-) Beijinhos

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  14. Gente muito obrigada pelas palavras de compreensão, e desculpe a ausência; estou tão envolvida com o projeto S.O.S miséria que não estou tendo tempo de passar por aqui.

    Beijinho a todos.

    Alda

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  15. Listen my friend, aqui não cabe propaganda, por favor, se você entrar aqui para dizer "eu quero ajudar na campanha S.OS. miséria" aí todo vai mundo instalar o Cresce.net, do contrário, ninguém conhece o tal. Obrigada pela visita.

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  16. Querida Alda,
    Deixei um recado em todos os blogs que não vi participando dos comentários. Fui deixando um a um; só não para os que sei que estão já na ativa.

    Esta imagem do Cristo que é fundo lá do Momentosd de Vida, eu peguei na net. Nunca conseguiria fazer uma foto destas! As que faço, o Cristo fica longe, pq só consigo fazer lá da Lagoa Rodrigo de Freitas e a distancia é imensa! Mas valem a pena!

    Deixo te um beijinho e vamos ver se adiantamos algo no fim d e semana; sabes que podes contar comigo.

    tem uma Boa Noite querida!

    Menina do Rio

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  17. Amiga Alda só agora reparei,por mero acaso, que nos blogs fundadores quando clicas no amigonasempre não vais ter ao meu blog!!!! Beijo...

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  18. Ai "Amigona sempre" vou ver isto agorinha, e pode ter acontecendo que um ou outro link falhou, não tive tempo de clicar um por um, se aconteceu me desculpe, corrijo agorinha.Amigona, vou copiar o anel. E vou te oferecer o prêmio "Visitante" criado pela Silêncio Culpado. Tantos estão a merecer este prêmio, gente maravilhosa como tu. Brigadão.Beijo
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    Menina do Rio, foi grande a tua ajuda neste noit, muito obrigada, valeu demais, nem sei como te agradecer. Sei que posso contar contigo e com tantos aqui. Beijo
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    Tiago, estamos necessitando do teu nome na lista de alaboração de textos, o que achas?
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    A todos os outros que tem trabalhando nestes dias por horas intermináveis, muito obrigada.Beijo e abraço sincero.

    Alda

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  19. Infelizmente ainda existe uma enorme quantidade de gente ignorante que não sabe lidar com a diferneça e ver o que ela tem de tão benéfico para todos nós!
    Beijinhos grandes

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  20. Belissímo post Alda. É assim mesmo e sem complexos. É com essa verdade que iremos mudar o mundo. Porque tu és uma grande mulher e estás a fazer um excelente trabalho no S.O.S.Miséria.
    Por isso não desistas. E tens sempre aqui a minha mão.

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  21. É uma crueldade sem nome fazermos sentir a alguém que é inferior só por ser diferente. Devemos bater-nos para que ninguém discrimine ninguém porque não há pessoas superiores ou inferiores devido a características físicas ou de nascimento. O que nos faz superiores ou inferiores são as nossas capacidades humanas.

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Deus abençoe você, guarde e ilumine.
Muito obrigado. Alda Inácio

Que Deus acompanhe você em tudo que fizer. Volte sempre!