Com satisfação eu repasso esta notícia que vem sendo esperada faz muito tempo nos currículos brasileiros de ensino e eu cheguei a pensar que esta luta, da qual eu mesma já fiz parte, jamais se concretizaria. Parece incrível mas é uma vitória para tantos formados na área, cujo diploma acabou na gaveta por falta de uso. Os filósofos e sociólogos brasileiros estavam desacreditados, abandonados à sua própria sorte e nos perguntávamos para que oferecer formação universitária nestas áreas sem que haja campo de trabalho.
Na verdade estas desciplinas são consideradas "formuladoras de opiniões" e temos uma impressão de que políticos são avessos à "formuladores de opiniões".
Explicando melhor, estas disciplinas ajudam o indivíduo a pensar. Assim fica claro que, se penso logo existo, o sentir-se como ser existente, afirma uma personalidade existencial de base e quem pensa é considerado um indivíduo "perigoso". Quem pensa adquire o poder da compreensão da realidade e justamente neste ponto está o perigo, pois um pensante pode clarear a estrada para muitos outros seguirem.
Platão, nos confins da antiga Grécia convivia no meio de patrões e escravos. Na Grécia, pensar e compreender era uma arte dada aos nobres, aos filhos dos poderosos. No caso dos escravos, não lhes era dado o direito de pensar. Platão explicava que "todos" podiam pensar, mesmo os escravos, e sua conversa criava alvoroço.
No caso brasileiro, a ditadura militar tirou do currículo escolar as duas disciplinas em 1971. Na época, a ditadura militar queria que o povo brasileiro fosse um povo ignorante, que não soubesse pensar, para não reinvidicar seus direitos políticos de volta.
Em 2001 as disciplinas teriam voltado aos currículos, caso Fernando Henrique Cardoso, o então Presidente, sociólogo (faz-me rir) vetou a inclusão. Hoje dou os parabens ao governo Lula por isto que considero uma grande vitória.
Por Alda Inacio